segunda-feira, 5 de outubro de 2009

AI5 - Licença para matar


Por Alessandro Meiguins*
O documento era pequeno. Com quatro páginas e 12 artigos, era possível lê-lo em menos de cinco minutos. Foi discutido em poucas horas e teve apenas um voto contra. Ao ser assinado, mudou a face do Brasil e o mergulhou nas trevas. O Ato Institucional número 5 (AI-5) foi aprovado em uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, comandada pelo presidente do país, o marechal Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968. Foi um fecho autoritário para um ano em que o sonho de liberdade soprou como nunca: as lutas estudantis viraram de cabeça para baixo cidades do Brasil e do mundo. A ideia era colocar “a imaginação no poder”, como dizia um lema da época. Para os mais politizados, o objetivo era provocar “um, dois, três, mil Vietnãs, que o imperialismo será derrotado”. Na França, as agitações tiveram seu peso, e Charles de Gaulle quase foi deposto. Nos Estados Unidos, o presidente americano Lyndon Johnson perdeu força e desistiu da reeleição.
No Brasil foi diferente. Militares reprimiram com violência as manifestações contrárias ao regime, fossem greves, passeatas ou manifestações culturais. Mataram estudantes. Invadiram teatros. E, quando o ano estava para terminar, editaram o AI-5. O novo tempo nem havia começado e já terminava, abatido com um só golpe.

*Alexandre é jornalista e designer gráfico

1 comentários:

LOYRA*SP 5 de outubro de 2009 às 13:39  

Em 13/12/68 eu tinha um mês de vida. Na sequência, meus pais não deixaram que eu visse esse mundo, com olhos de terror. Penso que meus pais foram como aquele pai do filme "A vida é bela", pois eu e meu irmão, nascido em 73 não sofremos as amarguras de uma ditadura, acho que meus pais preferiam que só soubessemos no tempo certo, e mais uma vez... ACERTARAM!

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