domingo, 11 de outubro de 2009

Documentos do holocausto

No verão de 1944, o fotógrafo polonês Henryk Ross procurou uma área erma no Gueto de Lodz para esconder seu bem mais precioso. A tarefa não foi tão difícil de ser executada: àquela altura, só 68 mil judeus viviam nos 4 quilômetros quadrados onde antes haviam sido confinadas 200 mil pessoas na cidade situada a sudoeste de Varsóvia, capital da Polônia. Num cantinho escondido, o fotógrafo enterrou 6 mil documentos. Entre eles, 3 mil negativos, exemplares de jornais editados no gueto e 41 avisos da administração nazista. Antes de escondê-los, Henryk Ross teve o cuidado de chamar alguns amigos. Se não sobrevivesse, outros saberiam onde encontrar o material e as cenas de sofrimento e morte não se perderiam no tempo. Henryk Ross e sua mulher Stefania tiveram sorte. Quando o Exército Vermelho chegou a Lodz, em janeiro de 1945, estavam entre os apenas 880 judeus que haviam sobrado por lá. Tinham resistido ao comando final de Adolf Hitler: eliminar todos os sobreviventes. Ao ser resgatado, Henryk Ross pesava apenas 38 quilos.Terminada a guerra, o fotógrafo desenterrou seus documentos, alguns avariados pela umidade. Assim, foi pelas lentes de Henryk Ross que se revelaram ao mundo inúmeras atrocidades do Holocausto no segundo maior gueto da Polônia, depois do de Varsóvia. Suas fotografias eram tãochocantes ao retratar os horrores que mais tarde tornaram-se provas decisivas no julgamento e na condenação à morte de Adolf Eichmann, um dos principais líderes nazistas. No entanto, uma parte do paciente (e arriscado) trabalho de documentação do fotógrafo permaneceu desconhecida até 1991. Catalogadas por ele ainda em vida, as fotos inéditas publicadas no Lodz Ghetto Album mostram o cotidiano dos judeus mais prósperos do gueto, no período inicial da ocupação nazista.

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