domingo, 5 de setembro de 2010

Vivo e feliz

Por Elifas Andreato*

Há um mês, meu velho coração ameaçou parar. O desprendimento de uma placa gordurosa transformada em coágulo provocou um infarto. Graças à rapidez do atendimento e à dedicação da equipe médica, estou vivo e tratando de mudar hábitos que maltrataram meu corpo impiedosamente ano após ano. Devo confessar, porém, que tem sido muito difícil cumprir as promessas que fiz aos médicos enquanto me recuperava na solidão da UTI.
Nesses dias de confinamento hospitalar, um pensamento recorrente foi a constatação de que há milênios os sábios homens nos ensinam a enfrentar positivamente os desafios habituais e a lidar com as inevitáveis perdas, decepções e mágoas.
Reconheço que sempre fui um bom conselheiro para outros, mas nunca para mim mesmo. Para os outros, sei exatamente como se deve viver da melhor forma possível. Para mim, no entanto, mesmo sabendo que uma vida feliz e uma vida virtuosa são sinônimos, que felicidade, realização pessoal e profissional são consequências de atitudes corretas, inconscientemente não reconhecia em mim essas virtudes. Até o dia seguinte ao infarto.
Agora preciso pacificar minha alma para aprender a pensar com clareza a respeito de mim mesmo, de meu relacionamento com aqueles que amo, com os amigos e com o restante da comunidade humana.
O que será importante daqui em diante será o tipo de vida que poderei viver. Vou descobrir quais convicções e hábitos são sadios e quais são os prejudiciais, causados pela mesma negligência que quase me matou.
Estar vivo, não importa por quanto tempo ainda – sei agora –, é a mais extraordinária experiência humana.

*Elifas Andreato é artista plástico, jornalista e editor da revista Almanaque Brasil

1 comentários:

Marta Bellini 7 de setembro de 2010 às 20:38  

Imagine, cuidei da filha dele Laura em 1980/1981 em uma escolinha em São paulo Via Lactea.

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