quarta-feira, 9 de março de 2011

Um a um no jogo do amor

Por Maria Newnum*

Carlos Drummond de Andrade escreveu nas linhas de seu poema Amar verbo intransitivo o seguinte: “Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida... [...] Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um para o outro.”

Em Amar verbo intransitivo o poeta aponta o amor em sua profunda essência, ou seja, em tudo aquilo que supera o primeiro encontro “do olhar que faz o coração parar de tesão”, ou seja, a tensão física que é tão peculiar nos primeiros beijos, mas que, com o tempo se estabiliza e conduz ao que é real na vida à dois. E é nesse vácuo de tempo que se distingue o “amor profundo” das “tensões sexuais”. Vale dizer que ambos os momentos são bons e saudáveis, mas, é preciso em algum momento escolher o que é fundamental para “eternizar-se” até que dure o amor. E o poeta continua: “Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te der uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida”.
Falemos sério! Isso é amor!
Já experimentei todas as fases como meu marido. Lembro-me do primeiro sorriso dele que me tirou do chão. Lembro de todo esforço dele para chamar minha atenção. Lembro-me de cada nota das músicas dedicadas a mim que não me atingiram de imediato. Mas felizmente, ele nunca desistiu de mim; nem mesmo depois de 11 anos de casamento completos no dia 26 de fevereiro de 2011.
Amor é isso! É não desistir nunca do outro. É tolerância; é perdão dia após dia; é esbravejar de raiva e bater portas; é rir das brigas bobas; é sentir-se impotente em momentos de perdas e lutos... É absolutamente sentir-se, sobremaneira, dentro de um quadro pintado a duas mãos em noites escuras ou de céu estrelado.
O melhor do jogo do amor é o placar um a um; ambos chegando juntos, como bem ilustra a linda canção dos tribalistas que o convido a ouvir: www.youtube.com
Amar é, sobretudo, sentir-se ligado a “alma” de alguém que te faz sentir-se Rei ou Rainha de um “universo” mui particular onde somente há vitória quando há empate...
Na vida a dois, o amor é o troféu. Porém, mais difícil que conquistá-lo é preservá-lo. Isso exige talento e muita sabedoria em deixar o placar sempre no um a um; sem, contudo, perder-se de si, nem aniquilar o outro.
Dito isto, peço uma prorrogação de mais 11 anos ao meu parceiro de vida na esperança que o placar continue nesse empate tão gostoso e desafiador.

*Maria Newnum é articulista, pedagoga, mestre em teologia prática, e assessora de imprensa da www.assindi.org.br/

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