sábado, 15 de outubro de 2011

Educando para libertar

Resgatei o texto abaixo para homenagear a todos os professores, na figura de um dos homens que mais se preocupou com a educação no país.


Quando se fala em educação no nosso País, logo nos lembramos de Paulo Freire. Considerado um dos mais importantes pensadores, não só aqui no Brasil, mas também internacionalmente, foi o criador da pedagogia da libertação que propõe a partir da realidade do aluno mostrar o seu papel na sociedade. Suas ideias correram mundo e uma das homenagens mais importantes a esse pernambucano é uma estátua sua em uma praça de Estocolmo na Suécia. Títulos tinha aos montes, afinal ser Doutor honoris causa em 28 universidades, não é para qualquer um não. Mas para chegar neste estágio passou por muitos dissabores. Nasceu no Nordeste, ficou órfão ainda menino e chegou a passar fome. Com muito esforço cursou a faculdade de Direito, profissão que nunca chegou a exercer. A sua vida e a convivência com as privações de seus conterrâneos nordestinos o fizeram trilhar outro caminho. No começo dos anos 60 criou o método de alfabetização de adultos que revolucionou toda a educação. Em 1963 veio a grande experiência: em apenas 45 dias alfabetiza cerca de 300 camponeses de Angicos, no Rio Grande do Norte.

Mas foi em 1964 no governo João Goulart, quando convocado para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização, cujo objetivo era alfabetizar cinco milhões de pessoas e elevá-los à condição de cidadãos, pois analfabetos não podiam votar, que mostrou a eficiência do seu método. Sua primeira ação foi dar cabo das cartilhas padrão. Mudou tudo. Ao mesmo tempo em que ensinava, o professor deveria criar discussões e estimular a reflexão sobre a realidade dos alunos. Claro que isso não agradou a ditadura que dava as cartas e lhe custou a liberdade. Foi preso e após ser libertado exilou-se no Chile, onde escreveu sua maior obra “Pedagogia do Oprimido”. Ficou conhecido mundialmente e trabalhou como consultor da Unesco e no Conselho Mundial de Igrejas. Desenvolveu projetos em diversos países. Em 1979, às vésperas da Anistia, o governo Figueiredo permitiu seu retorno ao Brasil. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Experimentou também a política: em 1989, assumiu o cargo de secretário municipal de Educação de São Paulo, na gestão da prefeita Luiza Erundina. Morreu em 1997, deixando uma obra de mais de 40 livros. Alguns deles, traduzidos para 28 idiomas. Por meio de suas ideias e de sua obra, segue influenciando educadores de todo o mundo. Sobre a educação, costumava dizer: “A tradição brasileira, profundamente autoritária, coloca sempre o formando como objeto sob a orientação do formador, que funciona como o sujeito que sabe. É preciso deixar de ser assim. Conhecimento não se transfere, conhecimento se constroi.”

Malu Pedarcini

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