domingo, 27 de junho de 2010

Biblioteca

Érico Veríssimo escreveu sua obra “Antares” em 1971. Foi o seu último romance e nele ele conta a história de duas famílias, que ao longo de toda a existência sempre viveram em conflito. Os Campolargo e os Vacariano dominam a cena política da cidade e quando aparece uma terceira força ameaçando o poderio deles, os inimigos se unem para rechaçá-la. Misturando ficção com história o autor mostra a face da sociedade fingida e hipócrita.
O ponto alto é quando por conta de uma greve geral, sete defuntos ficam ao léu no cemitério. Os defuntos revoltados saem dos caixões e fazem uma manifestação na cidade, deixando autoridades preocupadas e a população apavorada. Como já estão mortos podem falar os “podres” de todos sem medo, uma vez que nada mais podem sofrer.
No auge da confusão eles (os defuntos) ameaçam apodrecer na praça principal da cidade, caso não haja o sepultamento pelos coveiros que também aderiram à greve.
A situação sai do controle e uma enxurrada de acusações de roubos, traições, fraudes e outros crimes vem à tona e enquanto alguns desmaiam outros aplaudem os defuntos. Os defuntos são atacados e batem em retirada de volta aos caixões e os coveiros desistem da greve e os mortos são sepultados.
A partir daí inicia-se uma verdadeira operação borracha para apagar as sujeiras que foram lançadas sobre os grandes nomes da cidade. E assim se passam sete anos e a população de Antares como que por encanto não se lembra mais do episódio dos sete mortos no coreto da praça. Como em nossos dias, é melhor apagar da memória, esquecer os erros e continuar a vida.

Malu Pedarcini

1 comentários:

Marta Bellini,  28 de junho de 2010 às 15:28  

malu,

anos luz atrás li este maravilhoso livro.

fez parte da minha "conversão" ao comunismo rsrsrsrssrsrsrsrsr

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