Linda, extravagante, excêntrica, vanguardista, mulher à frente do seu tempo. Para a família sempre foi a Zazá, mas o apelido com o qual ficou conhecida foi Pagu, dado pelo poeta Raul Bopp.
Nasceu Patrícia Rehder Galvão e desde cedo já mostrou a que veio. Com apenas 15 anos escrevia para jornais, sob o pseudônimo de Patsy. Foi a primeira mulher a ser presa no Brasil por participação na política.
Com apenas 18 anos integrou o movimento antropofágico, do qual faziam parte Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Mais tarde ela se casaria com Oswald, com o qual teve um filho e se tornariam militantes do Partido Comunista.
Essa menina avançada quis ver ao vivo a realidade dos países comunistas e em 1934 embarcou numa viagem que a fez refletir, pois o que viu não lhe agradou nem aos olhos e nem ao coração e ela escreveu “o ideal ruiu, na Rússia, diante da infância miserável das sarjetas, os pés descalços e os olhos agudos de fome. Em Moscou, um hotel de luxo para os altos burocratas, os turistas do comunismo, para os estrangeiros ricos. Na rua as crianças mortas de fome: era o regime comunista”.
Em 1935 é presa em Paris sob a acusação de comunista estrangeira e é deportada para o Brasil. Fica presa por cinco anos e a pena tem um aumento de mais seis meses porque ela recusa-se a homenagear Adhemar de Barros, interventor federal, que aparece na penitenciária para visitar os presos. Ao sair, desencantada e doente rompe com o Partido Comunista e adota uma linha mais trotskista.
Separa-se de Oswald e casa-se novamente com Geraldo Ferraz com quem vive até o fim da vida e com o qual tem outro filho.
Nesta época, já residindo em Santos, incursiona novamente pela política e participa ativamente da vida cultural da cidade.
Com um câncer Pagu já não é mais a mesma garota da pá virada de outrora e tenta o suicídio.
Vai para Paris submeter-se a um tratamento, mas a cirurgia não oferece os resultados esperados. Volta ao Brasil decepcionada e mais uma vez tenta o suicídio.
Em 12 de dezembro de 1962, aos 52 anos, a menina bonita que escandalizou a sociedade paulistana quatrocentona, dá adeus à vida.
Fechava ali um ciclo de uma das mulheres mais atuantes e admiradas da cultura em nosso País. Pagu, para quem o poeta Raul Bopp fez os seguintes versos:
“Pagu tem uns olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-coco quando passa.
Coração pega a bater.
Eh Pagu eh!
Doi porque é bom de fazer doer (...)”
Malu Pedarcini
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