Show de Paul MacCartney
Foto: Portal UOL
Por Reginaldo Dias*No show de Paul McCartney em São Paulo, no último domingo, a maioria do repertório, creio que na proporção de 2/3, foi da discografia dos Beatles. Se alguém acha óbvio que fosse assim, é melhor lembrar que, logo após a separação do quarteto, as coisas eram diferentes. Na revista Rolling Stones deste mês, há a reprodução de reportagem da década de 1970 em que Paul diz algo mais ou menos assim: “quem quiser ouvir Beatles, compre um disco. Nos meus shows, toco as músicas do Wings”.
Passado tanto tempo, entende-se que ele agisse dessa maneira. Afinal, era preciso construir uma identidade própria. Imaginem só o que era a vida de um rapaz de 28 anos, no auge de sua capacidade criativa, viver uma situação daquela. Ele tinha que provar que havia vida além dos Beatles. Lennon fez algo parecido.
Atualmente, tendo encontrado o ponto de equilíbrio nessa relação, ele pode ter a serenidade de olhar para trás e verificar a solidez de sua obra e tocar Beatles, sem melindres.
No show do último domingo, é curioso notar que a maioria das músicas dos Beatles foi da segunda fase do quarteto, ou seja, não fizeram parte da pauta de seus shows. Lembremos que eles pararam de fazer apresentações ao vivo em agosto de 1966, cansados da histeria da beatlemania.
Para quem quiser saber qual foi em minha opinião, o melhor momento da apresentação, eu teria dificuldade de dizer. Arriscaria, porém, três situações. A primeira é a execução de All my loving, a primeira canção dos Beatles que entrou na programação. A segunda foi A Day in the life, talvez a canção mais elaborada deles. Por fim, foi uma experiência catártica ouvir Helter Skelter, o rock mais pesado deles e, talvez, de todos os tempos. O chão tremeu.
*Reginaldo é historiador, escritor e docente da UEM
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