Hoje eu acordei triste. Parecia que estava prevendo alguma má notícia. Estava triste porque hoje é dia do meu pai, da minha mãe, de duas irmãs, um irmão e vários amigos queridos. Hoje é o dia dos mortos. E de repente, recebo um telefonema dizendo que uma pessoa das mais queridas tinha morrido. Fiquei me sentindo como Gregor Samsa, aquele caixeiro viajante, personagem do livro ‘ Metamorfose” de Franz Kafka, meio humano, meio inseto. Fiquei com medo, muito medo. Não medo de morrer, mas temor de que essa tão falada “vida eterna” seja balela, assim como promessa de mulher amada. E que talvez eu nunca mais vá falar ou ver as pessoas que eu amava e que inexplicavelmente se foram, e quase todos sem se despedir, numa sacanagem explícita comigo. Simplesmente foram, sem prévio aviso, sem telefonar, sem abraços. Hoje eu acordei com o mais desprezível dos sentimentos, a inveja. Inveja de quem ainda tem os pais para chamar de seu, quem ainda tem todos os irmãos, enfim todos os entes queridos nesta dimensão. Hoje, mais que nos outros dias, eu acordei perdido, sem norte, necessitando de uma bússola. Hoje eu daria tudo para ter o colinho de minha mãe, e ouvir pelo menos mais uma vez a expressão que nunca mais ouvi “meu filho”.
Simples assim!
Antonio Santiago
Meu querido, não sei o que foi, mas eu que tenho tudo isso ainda, também acordei com uma angustia enorme e inexplicável.
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