terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Prosa poética

Tustão cotidiano

* Por Wemerson Augusto

Eu aqui nesse busão
Com os braços ao alto me escondendo da programação
Ladrão?
Televisão?

E olha que eu acreditei na embromação
Cheguei até a comentar que no busão tinha televisão
Olha a rima barata que apareceu
Tão oportunista quanto a promoção

Eu queria não escutar aquela falação
Duas vezes ao dia
Os mesmos informes
As mesmas gravações

Eu me pergunto: qual seria a saída?
A janela?
A porta do fundo?
Cera no ouvido?

Eu tento
Zelão pede o controle
Dona Zenaide ora
Seu Raimundo dorme

Eu ainda olho
Nada novo
Entra dinovo
Um som ainda mais aloprado

Eu já estou na escada
Começa a nova lapada
Que arde lombo, bolso e nas costas
É só hoje, tem pro moção e pra mocinha

Eu queria apenas andar de busão
Zelão, Dona Zenaide e Seu Raimundo também
O cobrador meio assustado
Escutou que pode perder o pão

Pro tal de cartão
Que vem, com televisão e radião
Pare! Cadê o controle de negocião?

* Wemerson Augusto é jornalista em Foz do Iguaçu, Pr. Publicado originalmente na Guatá http://www.guata.com.br

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