Por Larissa Dardengo*
E quando a gente não consegue mais escrever, Zé? A gente faz o que?
Senta e olha o céu fingindo que não sente falta da escrita? Ouve uma música chorosa e deixa a lágrima cair pensando que seria bom demais saber ditar para o papel todos os pensamentos?
Ai Zé, me ajuda a lembrar quem foi que disse que escrever dói, porque o danado tinha muita razão. Escrever dói demais e eu tenho evitado tanto essa dor, Zé. É que quando a lágrima brota eu dou logo um jeito de parar de escrever. Eu não quero mais ser triste, Zé. Eu sei que a gente escreve mais quando esta triste, porque a tristeza é danada e fica doida pra sair, quer correr e encontrar um abraço, um ombro, um sorriso amigo, mas a alegria não. A alegria é ressabiada demais. Fica escondida entre os dentes, se revelando apenas pelos olhos, mas nunca aceita cair no papel. Alegria é uma coisa que eu só consigo sentir, nunca descrever.
Ai eu fico assim Zé: caçando tristezas. E isso não ta ajudando nada a vida. Teve dias que o mau humor fez tão mal que a única coisa que eu senti foi uma dor no estômago tão forte que me deixou de cama. Pode isso? Pode alguém caçar tristeza quando na verdade não quer ser triste? Que coisa mais sem cabimento, Zé!
E eu fui dar ouvido logo ao poeta que diz que pra fazer poesia é preciso um bocado de tristeza. Veja só a situação na qual eu me meti. E agora o que eu vou fazer Zé, se não conseguir mais escrever por só conseguir ser feliz?
* Larissa é publicitária e blogueira do Literatura Pessoal
Ah que fofo! Amei.
ResponderExcluirMas... e agora José??