segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A bolinha de papel que virou bigorna

Por Marcelo Migliaccio*

Não estou aqui para defender o José Serra.
Até porque já há jornais e emissoras de TV que o fazem até as raias do ridículo. Chegam ao ponto de tentar transformar uma bolinha de papel numa bigorna de 100 quilos. Usam imagens de celular que não mostram nada para justificar suas dividosas teses antipetistas. Enfim, Serra já tem amigos demais na mídia, não precisa de mais um.
De mais a mais, já disse aqui e repito que vou votar na sua adversária.
Agora, justiça seja feita: atirar uma bolinha de papel em um candidato pode não machucar, pode não dar margem ao teatro lamentável de sua ida a um hospital para ser atendido pelo ex-secretário de Saúde de um aliado político (Cesar Maia, do DEM). Mas é uma tremenda falta de respeito.

Se os jornais e revistas tivessem criticado apenas a atitude do militante petista de jogar um papel amassado na já desguarnecida cabeça do candidato tucano, teriam razão. Mas quiseram transformar a falta de educação numa tentativa de homicídio e perderam, mais uma vez, a chance de fazer jornalismo de verdade. O que seria um trunfo a mais para Serra vencer esta eleição, acabou se virando contra ele, tal foi a encenação, a pantomima, muito bem comparada por Lula à farsa do goleiro chileno Rojas, que simulou ter sido atingido por um foguete durante uma partida no Maracanã.
Não se atira uma bolinha de papel em ninguém que não seja um amigo num ambiente de intimidade e descontração. Fazer isso com uma pessoa que está postulando democraticamente um cargo político é sim uma tremenda demonstração de intolerância, uma agressão, que, felizmente para o PT, foi explorada de maneira mentirosa e exagerada pelo PSDB e por sua torcida uniformizada na imprensa.
Aliás, me criticam aqui por assumir de forma transparente minha opção política neste momento, mas acham normalíssimos os artigos do cineasta dos filmes intragáveis no jornal que tem nome de biscoito que se come na praia. Lá, é democracia e liberdade de imprensa, aqui é jornalismo petista.

* Marcelo Migliaccio é jornalista e escreve no blog "Rio Acima" do Jornal do Brasil

1 comentários:

Venância,  25 de outubro de 2010 às 22:11  

Falta de respeito sim, mas não tão grande quanto o teatro a que se prestou o sr. Serra.

E ainda quer ser presidente? Ora, passe ontem!

E depois os políticos "não sabem" por que o povo não acredita neles.

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