Marina Silva é a Coco Chanel da política brasileira
Por Maria Newnum *
Não importa o que digam as regras das eleições presidenciais no Brasil. Marina Silva está no páreo no segundo turno. Uma simples fala dela influenciará apoio a um dos candidatos ou impulsionará para o maior número de brancos e nulos da história eleitoral. Se os moldes eleitorais fossem semelhantes aos Estados Unidos, certamente lhes ofereceriam a cadeira de vice-presidente.
E mesmo que se diga neutra, continua no foco das atenções dos quase 20 milhões que nela votaram no primeiro turno.
Mulher, com a cara da maioria “das gentes brasileiras”: Não é, e nem nunca foi, produto do marketing eleitoral. Não fez cirurgias, nem usou botox. Marina é Marina; de cara lavada.
Com as devidas proporções, Marina Silva é a Coco Chanel da política brasileira.
Ou seja, Marina Silva possui luz própria; não vendida, não acomodada as benesses dos palácios. Daí que sua decisão em declarar-se neutra para o segundo turno, não surpreendeu. Era exatamente o que se esperava dela: “Coerência”. Daí é certo imaginar que nem mesmo a cadeira de vice-presidente lhe seduziria.
Para entender bem o contra-ponto entre Marina Silva e Coco Chanel vale assistir o filme “Coco antes Chanel”. A película narra a história da mulher que não se subverteu as facilidades da vida palaciana, antes, optou em buscar em seu “talento e trabalho”, seu rumo próprio.
Chanel foi uma “guerreira” enigmática, que superou a pobreza e as limitações de um contexto histórico que relegava às mulheres lugares basicamente marcado pelo ostracismo ora da miséria, ora do glamour, que as rotulavam como bonequinha de luxo e nada mais. Ela libertou-se desses “limbos” e escreveu uma das mais notáveis histórias femininas e empresariais de sucesso do mundo. O império deixado por ela é a prova contumaz de que seu maior “acerto” foi apostar em seu talento e em sua garra para superar os limbos que costumeiramente paralisam as mu-lheres, especialmente, as mais pobres.
Chanel decidiu-se, tal qual fez Marina Silva ao sair do seringal, não sucumbir-se ao anonimato que a miséria geralmente reserva aos que dela sofrem.
Nesse contraponto entre Ma-rina Silva e Coco Chanel, descobrir-se-á que a luz de Marina Silva é tão forte é tão brilhante que ofuscou seus mega-adversários políticos no primeiro turno.
O segundo turno, sem Marina Silva, beiraria ao marasmo, não fosse o espetáculo apimentado que revela o “escurinho” dos bastidores da campanha de ambos os candidatos. Nunca na história desse país se viu tanta ausência de projetos e tantos ataques pessoais alimentados, inclusive, por confusões sobre os papéis de um Estado laico. Ora vejam! Em plena pujança da democracia, ouvem-se coisas que até Deus duvida.
Que bom que não puderam oferecer a cadeira de vice-presidente à Marina Silva. De fato ela tornou-se um ícone da terceira via da política brasileira e certamente na próxima eleição, o Brasil estará maduro o suficiente para recebê-la como sua presidente.
Enquanto isso, branco e nulo pode não ser a melhor opção, mas, não contradiz a coerência pessoal de eleitores mais exigentes.
*Maria Newnum é articulista, pedagoga, mestre em teologia prática, e assessora de imprensa da www.assindi.org.br/
0 comentários:
Postar um comentário