O que é sustentabilidade?
Por Wanderley Dantas dos Santos *
Num jogo de cartas, a origem das cartas bem como o seu destino após o jogo não é relevante. Historicamente, a economia tem sido tratada como se fosse um jogo. A regra fundamental da produção de bens de consumo é: o custo deve ser menor que preço final. Temos desconsiderado a finitude dos recursos bem o destino dos resíduos. Mas a economia não é apenas um um jogo e, hoje, estamos nos tornando concientes de que muitas de nossas atividades econômicas são insustentáveis no longo prazo. Em suas pesquisas sobre a origem da desigualdade econômica, Jared Diamond aponta que muitas civilizações punjantes desapareceram logo após atingirem seu ápice por não perceberem que estavam destruindo suas fontes de recursos ou o ecossistema que os sustentava, o que chamou de suicídio ecológico ou “ecocídio”.
A princípio, pode parecer que este comportamento meio miope das civilizações primitivas não tem similar em nossa moderna civilização baseada em ciência e razão. No entanto, desconsiderar o custo real dos recursos naturais ainda é a regra na sociedade atual. Por exemplo, como já discutimos anteriormente no artigo Energia, Poluição e Revolução, nosso sucesso como civilização moderna se deve, em grande parte, à abundância de petróleo. Mas o petróleo é um recurso finito, não renovável, que vem sendo produzido lentamente há milhões de anos pelas mais poderosas forças da natureza e, não obstante, nós o consumimos freneticamente para poder sustentar nossa economia em crescimento constante e acelerado.
Se levássemos em consideração o tempo necessário para a natureza produzi-lo, sua raridade seria revelada e seu preço explodiria. Se incluíssemos nesta conta os danos de jogar na atmosfera todo o carbono que os combustíveis fósseis encerram no subsolo há milhões de anos, o real custo do petróleo talvez fosse impagável. Ao contrário, nos comportamos como se ele nunca fosse acabar. Por exemplo, embora existam tecnologias para produzir motores com até 50 ou até 60% de eficiência, a esmagadora maioria dos motores atuais utilizam menos de 30% da energia liberada pelos combustíveis. Nós nos damos ao luxo de jogar a maior parte da energia fora porque o preço dos combustíveis fósseis é enganosamente baixo.
A produção de biocombustíveis não é uma excessão. Embora seja um fato que alguns biocombustíveis emitem menos gás carbônico que os combustíveis fósseis, mesmo o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, um dos menos poluentes, ainda produz resíduos como a vinhaça. Além disso, sua produção e transporte utiliza máquinas e veículos movidos à óleo diesel, que é um combustível fóssil. Incoerências como estas são difíceis de abolir, pois exigem mudanças radicais no nosso comportamento. Caminhões e máquinas agrícolas podem rodar com etanol ou biodiesel, mas isso depende de haver vontade política para fazer grandes investimentos em pesquisa, desenvolvimento e industrialização.
Cedo ou tarde, isto vai acontecer. Provavelmente tarde, quando o consumo irresponsável dos recursos fósseis começar a cobrar a conta. Quando esse dia chegar, os investimentos, que hoje nos parecem absurdos, vão parecer bem razoáveis diante dos prejuízos do colapso econômico e ecológico iminente. Por hora, é mais confortável continuarmos jogamos a sugeira para debaixo do tapete como, a final de contas, fizeram tantas outras civilizações que nos precederam...
* Wanderley Dantas dos Santos - Bioplan- Laboratório de Bioquímica de Plantas - Departamento de Bioquímica - UEM (Universidade Estadual de Maringá)
Num jogo de cartas, a origem das cartas bem como o seu destino após o jogo não é relevante. Historicamente, a economia tem sido tratada como se fosse um jogo. A regra fundamental da produção de bens de consumo é: o custo deve ser menor que preço final. Temos desconsiderado a finitude dos recursos bem o destino dos resíduos. Mas a economia não é apenas um um jogo e, hoje, estamos nos tornando concientes de que muitas de nossas atividades econômicas são insustentáveis no longo prazo. Em suas pesquisas sobre a origem da desigualdade econômica, Jared Diamond aponta que muitas civilizações punjantes desapareceram logo após atingirem seu ápice por não perceberem que estavam destruindo suas fontes de recursos ou o ecossistema que os sustentava, o que chamou de suicídio ecológico ou “ecocídio”.
A princípio, pode parecer que este comportamento meio miope das civilizações primitivas não tem similar em nossa moderna civilização baseada em ciência e razão. No entanto, desconsiderar o custo real dos recursos naturais ainda é a regra na sociedade atual. Por exemplo, como já discutimos anteriormente no artigo Energia, Poluição e Revolução, nosso sucesso como civilização moderna se deve, em grande parte, à abundância de petróleo. Mas o petróleo é um recurso finito, não renovável, que vem sendo produzido lentamente há milhões de anos pelas mais poderosas forças da natureza e, não obstante, nós o consumimos freneticamente para poder sustentar nossa economia em crescimento constante e acelerado.
Se levássemos em consideração o tempo necessário para a natureza produzi-lo, sua raridade seria revelada e seu preço explodiria. Se incluíssemos nesta conta os danos de jogar na atmosfera todo o carbono que os combustíveis fósseis encerram no subsolo há milhões de anos, o real custo do petróleo talvez fosse impagável. Ao contrário, nos comportamos como se ele nunca fosse acabar. Por exemplo, embora existam tecnologias para produzir motores com até 50 ou até 60% de eficiência, a esmagadora maioria dos motores atuais utilizam menos de 30% da energia liberada pelos combustíveis. Nós nos damos ao luxo de jogar a maior parte da energia fora porque o preço dos combustíveis fósseis é enganosamente baixo.
A produção de biocombustíveis não é uma excessão. Embora seja um fato que alguns biocombustíveis emitem menos gás carbônico que os combustíveis fósseis, mesmo o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, um dos menos poluentes, ainda produz resíduos como a vinhaça. Além disso, sua produção e transporte utiliza máquinas e veículos movidos à óleo diesel, que é um combustível fóssil. Incoerências como estas são difíceis de abolir, pois exigem mudanças radicais no nosso comportamento. Caminhões e máquinas agrícolas podem rodar com etanol ou biodiesel, mas isso depende de haver vontade política para fazer grandes investimentos em pesquisa, desenvolvimento e industrialização.
Cedo ou tarde, isto vai acontecer. Provavelmente tarde, quando o consumo irresponsável dos recursos fósseis começar a cobrar a conta. Quando esse dia chegar, os investimentos, que hoje nos parecem absurdos, vão parecer bem razoáveis diante dos prejuízos do colapso econômico e ecológico iminente. Por hora, é mais confortável continuarmos jogamos a sugeira para debaixo do tapete como, a final de contas, fizeram tantas outras civilizações que nos precederam...
* Wanderley Dantas dos Santos - Bioplan- Laboratório de Bioquímica de Plantas - Departamento de Bioquímica - UEM (Universidade Estadual de Maringá)
2 comentários:
Muito bom Wanderley,
É importante trazer a comunidade certos conhecimentos que muitas vezes ficam restritos a academia.
Parabéns pelo artigo.
Carissimo Wanderley:
Ao analisar a sustentabilidade de qualquer produção precisamos considerar o ponto de vista mais amplo possível, que pode ser resumido nos 3Ps: Pessoas, Planeta e Prosperidade. Não há produção em escala se ela não for viável. O uso de etanol ou biodiesel no transporte de cargas esbarra na questao custo, disponibilidade,adaptabilidade. Nao podemos desprezar todos estes fatores e simplifica-los demais. Facamos o balanco e se positivo vamos melhorando.
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