Biblioteca
Li o livro “O Amante”, de Marguerite Duras, há alguns anos e apesar do tempo ainda guardo comigo passagens desta obra tão real e altamente sensorial.
Ambientado na Indochina (hoje Vietnam), onde a autora nasceu, filha de pais franceses, conta a sua própria história, um relacionamento não aceito pela sociedade e confinado entre quatro paredes. Usando sempre “ele” e “ela” ao se referir aos personagens principais, a emoção confunde-se com a geografia e parece que o ambiente se torna palpável a medida que a leitura se desenvolve.
Um livro, que todos deveriam ler, pois além de falar do amor inter-racial durante o imperialismo francês na Indochina, ainda provoca uma catarse, fazendo-nos mergulhar no texto extremamente belo, dessa que foi uma das maiores escritoras do século XX.
Malu Pedarcini
4 comentários:
Até que enfim, um blog trazendo cultura a uma cidade tão sem cultura, estou amando.
Literatura é insispensável, mas os livros são muito caros e nos sebos eu não consigo encontrar coisas boas,e quando encontro é caro como na livraria, então..
Ótima dica, livro ótimo, filme morno.
Abraços.
JC Cecilio
Trecho:
Ele lhe arranca o vestido, joga-o longe, arranca a calcinha branca de algodão e a leva nua para a cama. Então, vira-se para o outro lado e chora. E ela, lentamente, com paciência, o traz para perto e começa a despi-lo. Ela faz tudo com os olhos fechados. Lentamente. Ele procura ajudá-la. Ela pede-lhe que não se mexa. Deixe-me. Diz que quer fazer isso sozinha. E faz. Ela o despe. Quando ela pede, ele movimenta o corpo na cama, com cuidado, ligeiramente, como se não quisesse acordá-la.
A pele é de uma doçura suntuosa. O corpo. O corpo é magro, sem forças, sem músculos, podia ser o corpo de um doente, de um convalescente, ele é imberbe, sua única virilidade é a do sexo, é muito fraco, parece estar à mercê de um insulto, parece sofrer. Ela não olha para o rosto. Não olha. Só o toca. Toca a doçura do sexo, da pele, acaricia a cor dourada, a novidade desconhecida. Ele geme, chora. Dominado por um amor abominável.
E chorando ele realiza o ato. A princípio, a dor. E depois a dor se transforma, é arrancada lentamente, transportada para o prazer, abraçada ao prazer.(…)
Eu não sabia que se sangrava. Ele me pergunta se senti dor, respondi que não, ele diz que está feliz.
Limpa o sangue, lava-me. Eu o observo. Insensivelmente ele volta, volta a ser desejável. Pergunto-me a mim mesma como tive forças para desrespeitar a proibição imposta por minha mãe. Com aquela calma, aquela determinação. Como consegui chegar “até o fim da idéia”.
GOSTEI, VOU LER NA MINHA APOSENTADORIA, PQ AGORA MALU... TO SEM TEMPO, MAS AMEI OS TRECHOS QUE LI...RS.
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