Natal e Ano Novo, só agora?
Por Edgard Georges El Khouri *
Estava aqui a refletir sobre a época do natal e ano novo, cheia de significados para muitos, conflituosas para tantos e de tantos matizes para todos! É uma época difícil de se passar desapercebida, independentemente de credo ou estado de espírito. Saudades de quem já se foi, de um amor passado, de um filho que não conversa com o pai... tudo se intensifica nesta data.
É evidente que o significado maior para os cristãos deveria ser a ênfase na lembrança do nascimento de Jesus, que veio a se tornar o Cristo 33 anos depois. Mas, na minha visão, seja para grande parte dos cristãos quanto os das demais religiões, preocupantemente não o é. Veja, não vou fazer deste texto um tratado ou defesa de credos ou filosofias, senão apenas refletir o que considero uma 'distorção temporal'.
Vemos de forma inequívoca a 'interpretação' de uma data religiosa ou filosófica a serviço do comércio e do material, um 'escambo de sentimentos', medido pela troca de presentes, pelo consumo desmedido, da mesma forma que facilmente se troca Jesus pelo Papai Noel, cara bacana e bonachudo quase onipresente nesta data. É claro que não é de hoje, mas nos dias atuais a descartabilidade de tudo e de todos se faz de forma implacável, com a intensidade de sentimentos medida pela capacidade de compra...
Também é evidente que esta constatação não se aplica a todos, viva! Da mesma forma, admito que existe uma aura diferente, talvez reminiscências do sentimento original - sinceramente espero que sim.
Costumo comparar o 'sentimento coletivo' de natal com os dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo, que para mim deste ponto de vista são bem parecidos - veja, não estou aquilatando um ao outro, pois seria quase uma blasfemia! Mas é visível que brota um sentimento fraterno e de alegria ingênua em muita gente, topa-se com pessoas que sequer conhecemos e trocam-se sorrisos, desejos e até gentilezas. Se é tão bom cumprimentar e desejar coisas boas e alegrias até com desconhecidos, por que então somente nessas horas? Por que seriam contaminados assim tão somente de 4 em 4 anos, ou às vezes a cada fim de ano?
Viver uma sociedade mais fraterna e respeitosa, ética, de respeito ao seu semelhante não deveria acontecer como disse apenas nos finais de ano... seria algo muito pretensioso sonhar com uma sociedade plural, 365 dias por ano?
Um FELIZ NATAL e ANO NOVO para todos, agora, amanhã e sempre!!!
* Edgard é arquiteto-urbanista
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