domingo, 24 de abril de 2011

Declaração de amor

Eu era sua fã. Comprava seus livros numa banquinha improvisada na porta da universidade onde eu estudava, lá pelos idos dos anos 80. Gostava de conversar com ele e ele me chamava de "menininha".
Por esses dias fuçando na internet encontrei o texto abaixo, escrito por Leo Lama, seu filho, no dia da sua morte em novembro de 1999.
Para quem acompanhou sua trajetória vai entender bem o que o filho fala sobre o pai. Um texto emocionante. Só o filho de um gênio, como o foi Plínio Marcos, poderia enxergá-lo assim, de forma tão pura, tão amorosa. Sinal de que além da sua extensa obra, o "Maldito", deixou sementes que deram ótimos frutos.

"Meu pai morreu. Todo pai morre. Agora estou aqui pensando: o que foi que meu pai me deixou? Apartamento?Não. Carro?Nem uma bicicleta. Dinheiro? Ele não conseguia pagar nem as próprias contas. Mas pagava a dos filhos. Roupas? Só um chinelo velho, mas meu pé é maior. Sem testamento, sem herança, sem nada? As peças. As peças de teatro? De quem são as peças de teatro? Meu pai era escritor. Escritor de teatro." 
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