sábado, 5 de setembro de 2009

Caminhar a passo lento

Por Juliano Correa*

Recentemente, escutando a música “Lento”, da genial Julieta Venegas, fui levado a pensar sobre assuntos tão rápidos que, usualmente, não temos tempo para pensar. Aliás, é exatamente sobre a velocidade contemporânea que pretendo refletir neste texto.
Correndo o risco de cair num clichê tão senso comum quanto a própria invenção da ciência do comportamento, devo dizer que vivemos em um mundo cada vez mais rápido; a cada dia, mais e mais informações são construídas, inseridas e divulgadas, com rapidez inimaginável para quem viveu há 20 ou 30 anos. Hoje temos um carro que fica obsoleto anualmente, uma roupa que todos percebem que é da coleção Fall 2008, um computador que ficará ultrapassado em menos de um ano, dentre outras fugacidades. Isso, até certo ponto, não chega a me incomodar, pois somos animais que falamos e pensamos e produzimos conhecimentos maiores e melhores, para nossa própria sobrevivência.


O que realmente me incomoda é quando a fugacidade ultrapassa a barreira da experiência material e se infiltra no campo das relações humanas. E, infelizmente, é o que vem acontecendo com muita rapidez. Vemos pessoas que não se importam em excluir e, ou, substituir aos outros em sua vida com a mesma rapidez com que trocam de roupa; é a era do vínculo descartável: se não me serve, eu troco esse amigo, essa família, essa comunidade, esses vizinhos, esse namorado. Somos descartados com a mesma velocidade que um carro se torna fora de linha.
Não defendo que as pessoas devam se manter presas a relacionamentos prejudiciais; o que defendo é que nós tenhamos mais empenho em tentar resolver os conflitos, naturais nas comunidades humanas, em vez de ocultar ou excluir a fonte de desigualdade. Defendo uma sociedade como na música citada no primeiro parágrafo deste texto: com pessoas cada vez mais capazes de sentir e entender o ritmo alheio, em vez de vivermos rodeando nosso próprio umbigo e pensando apenas na nossa felicidade. Como se a minha felicidade não dependesse dos outros.
Para finalizar, eis o clip inspirador destes pensamentos.

Este texto já foi postado em http://blogdomeuprimo.blogspot.com/

*Juliano Correa é Psicólogo (CRP 08/09144), graduado e pós-graduado pela Universidade Estadual de Maringá, especialista em Análise do Comportamento e Psicoterapia Comportamental-Cognitiva. Telefone: (44) 3031-3038

5 comentários:

Eliane,  5 de setembro de 2009 às 18:37  

Lindo texto Juliano. E bem verdadeiro.

Marcos,  5 de setembro de 2009 às 18:46  

O Texto é maravilhoso, mas a musica é sensacional...

Anônimo,  5 de setembro de 2009 às 19:22  

Voces foram ao XIS da questão.mas quem descarta facilmente são as mulheres sempre.

Anônimo,  5 de setembro de 2009 às 19:34  

Ao anonimo das 19,22, canalhas são os homens que nunca querem nada sério

Anônimo,  6 de setembro de 2009 às 10:36  

è a mais pura verdade, os relacionamentos tornaram de descartáveis

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