Caminhar a passo lento
Por Juliano Correa*
Recentemente, escutando a música “Lento”, da genial Julieta Venegas, fui levado a pensar sobre assuntos tão rápidos que, usualmente, não temos tempo para pensar. Aliás, é exatamente sobre a velocidade contemporânea que pretendo refletir neste texto.
Correndo o risco de cair num clichê tão senso comum quanto a própria invenção da ciência do comportamento, devo dizer que vivemos em um mundo cada vez mais rápido; a cada dia, mais e mais informações são construídas, inseridas e divulgadas, com rapidez inimaginável para quem viveu há 20 ou 30 anos. Hoje temos um carro que fica obsoleto anualmente, uma roupa que todos percebem que é da coleção Fall 2008, um computador que ficará ultrapassado em menos de um ano, dentre outras fugacidades. Isso, até certo ponto, não chega a me incomodar, pois somos animais que falamos e pensamos e produzimos conhecimentos maiores e melhores, para nossa própria sobrevivência.
O que realmente me incomoda é quando a fugacidade ultrapassa a barreira da experiência material e se infiltra no campo das relações humanas. E, infelizmente, é o que vem acontecendo com muita rapidez. Vemos pessoas que não se importam em excluir e, ou, substituir aos outros em sua vida com a mesma rapidez com que trocam de roupa; é a era do vínculo descartável: se não me serve, eu troco esse amigo, essa família, essa comunidade, esses vizinhos, esse namorado. Somos descartados com a mesma velocidade que um carro se torna fora de linha.
Não defendo que as pessoas devam se manter presas a relacionamentos prejudiciais; o que defendo é que nós tenhamos mais empenho em tentar resolver os conflitos, naturais nas comunidades humanas, em vez de ocultar ou excluir a fonte de desigualdade. Defendo uma sociedade como na música citada no primeiro parágrafo deste texto: com pessoas cada vez mais capazes de sentir e entender o ritmo alheio, em vez de vivermos rodeando nosso próprio umbigo e pensando apenas na nossa felicidade. Como se a minha felicidade não dependesse dos outros.
Para finalizar, eis o clip inspirador destes pensamentos.
Este texto já foi postado em http://blogdomeuprimo.blogspot.com/
*Juliano Correa é Psicólogo (CRP 08/09144), graduado e pós-graduado pela Universidade Estadual de Maringá, especialista em Análise do Comportamento e Psicoterapia Comportamental-Cognitiva. Telefone: (44) 3031-3038



5 comentários:
Lindo texto Juliano. E bem verdadeiro.
O Texto é maravilhoso, mas a musica é sensacional...
Voces foram ao XIS da questão.mas quem descarta facilmente são as mulheres sempre.
Ao anonimo das 19,22, canalhas são os homens que nunca querem nada sério
è a mais pura verdade, os relacionamentos tornaram de descartáveis
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