João Rubinato, muito prazer, Adoniran!
Muito já se escreveu sobre João Rubinato, o compositor que com mais propriedade retratou São Paulo. No entanto, pouca gente sabe que ele não era paulistano. Filho de imigrantes italianos nasceu em Valinhos quando ainda esta cidade era um bairro de Campinas. Deu duro desde cedo, ajudou o pai a carregar vagões de carga e entregou marmitas. Mudou para São Paulo quando tinha 22 anos e se enturmou com artistas e radialistas. Mas o nome Rubinato não o ajudava. Quem iria botar fé em um sambista “italianado” e com esse nome. O nome Adoniran Barbosa surgiu em homenagem a dois de seus ídolos, o sambista carioca Luiz Barbosa e seu companheiro de noitadas Adoniran Alves. Em 1935 ganhou um concurso organizado pela prefeitura com a marchinha “Dona Boa”, música em parceria com J. Aimberê. Foi contratado por uma rádio, mas o período de sucesso foi curto. Tentou outras rádios, sem sucesso. Por anos se virou fazendo bicos. Em 1941, a Rádio Record o contratou. Foi se destacando como ator cômico. Construiu personagens memoráveis, como o moleque Barbosinha-Mal-Educado-Da-Silva, o motorista italiano Pernafina, o galã de cinema francês Jean Rubinet. Somente em 1955 o sucesso bateu na sua porta e veio a consagração como compositor quando o conjunto Demônios da Garoa gravou “Saudosa Maloca”. Depois disso, uma sucessão de grandes sucessos o elevaram ao título de maior sambista de São Paulo. Já no final da vida, além da música, se distraia fazendo brinquedos com sucata que recolhia das ruas. Morreu em 1983, aos 73 anos e Sampa perdeu um dos seus maiores poetas. Vinte e seis de suas composições foram dedicadas à cidade que o acolheu e ele retribuiu fazendo a melhor tradução da metrópole que nunca para, da locomotiva que puxa o Brasil. Ele como ninguém cantou o cotidiano, personagens tragicômicos, a dor transformada em riso.
Malu Pedarcini
1 comentários:
Grande Adoniran! Ele pode não ter nascido paulistano, mas... a alma foi! PAULISTANÍSSIMA! Parabéns pela matéria Malu, eu amo essa paulicéia desvairada, e amo Adoniran. Um abraço da "mina de sampa"!
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