terça-feira, 1 de setembro de 2009

Machado, unanimidade nacional

Se hoje ainda há discriminação contra os negros, imagine isso no século IXX. E agora imagine como era ser negro, pobre, epilético e gago naquela época. Com certeza não devia ser nada fácil. Mas, o menino Machadinho, como era chamado nem deu bola para a torcida. Mesmo não cursando a escola de forma regular, pois com a morte do pai teve que trabalhar, achou tempo para assistir as aulas em um colégio de São Cristovão onde trabalhava como vendedor de doces na cantina. Sempre se empenhou em aprender e tornou-se um dos maiores intelectuais do País, ainda bem jovem. Aprendeu francês, inglês e alemão, sempre como autodidata. É considerado por muitos o maior escritor brasileiro de todos os tempos e um dos maiores escritores do mundo, enquanto romancista e contista. Considerado o pai do realismo no Brasil, escreveu Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba e vários livros de contos, entre eles, Papéis Avulsos, no qual se encontra o conto “O Alienista”, onde discute a loucura. Também escreveu poesia e foi um ativo crítico literário, além de ser um dos criadores da crônica no país. Foi o fundador da Academia Brasileira de Letras. Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico", ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. A frase final de seu livro Memórias Póstumas de Brás Cubas escrito em 1881 diz assim “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”. Machado também, coincidentemente ou não, não os teve. Muito doente, solitário e triste depois da morte da esposa, Machado de Assis morreu em setembro de 1908, em sua velha casa no bairro carioca do Cosme Velho.


Malu Pedarcini

1 comentários:

LOYRA*SP 10 de setembro de 2009 às 03:24  

Vamos e venhamos...rs, amei a pitada de pimenta dele: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”. Errado de todo ele não estava. Faço minhas, as palavras dele, com o diferencial que enquanto Assistente Social tenho que estar bem por dentro; tento ainda, 100 anos depois dele, CONSCIENTIZAR os menos favorecidos para que não deixem como legado apenas a miséria. Perfeita, Malu!

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