quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Vianinha - o arquiteto de uma geração

Revolução sou eu! Revolução pra mim já foi uma coisa pirotécnica, agora é todo dia, lá no mundo, ardendo, usando as palavras, os gestos, a esperança desse mundo”.

Filho de jornalista, roteirista e dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, herdou o nome do pai e fez sua estreia no cinema aos três meses de idade. Adolescente ainda entrou para o Partido Comunista Brasileiro. Diploma não teve. Bem que tentou, cursou Arquitetura e Filosofia, mas não concluiu os cursos. Em 1954, entra para o Teatro Paulista do Estudante, que, em 1956, junta-se ao Teatro de Arena. Ao lado de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, adere à proposta de uma dramaturgia com textos e temas nacionais. Escreve Chapetuba Futebol Clube, que rendeu a seguinte crítica de Sábato Magaldi: (...) a sensibilidade, a delicadeza, a finura psicológica, o diálogo de bom nível literário e a firmeza ideológica na análise dos problemas sociais". Cada vez mais empenhado com as causas populares deixa o Arena em 1961 e ajuda a fundar o Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes (UNE). Percorre escolas, associações, sindicatos. Escreve peças curtas, atua em filme e aprofunda-se como teórico do teatro. Com o golpe militar de 1964, a UNE na clandestinidade, o CPC morre. Vianinha escreve, com Armando Costa e Paulo Pontes, o roteiro do show Opinião. Com Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale, o espetáculo torna-se marco da resistência cultural à ditadura militar. Mas a censura limitava as produções e Vianinha é obrigado a migrar para a tevê. Começa então a escrever com Armando Costa, A Grande Família, comédia de costumes. Com histórias que abordavam de forma sutil questões delicadas, como feminismo, contracultura e custo de vida foi um sucesso na época, tanto que foi reeditada em 2001, - sem Júnior, o filho politizado. Em 1972, ao fazer um exame, Vianinha descobre um câncer. Já à beira da morte, ditou para sua mãe o final da peça Rasga Coração. Considerada uma de suas melhores peças, foi censurada e ele morreu sem vê-la encenada. Morreu em 1974 aos 38 anos de idade e deixou uma lição de comprometimento com as causas populares de nosso País.

Malu Pedarcini


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