Deus existe?

Toda semana, impreterivelmente aos sábados, a turminha se reúne, em algum barzinho, boteco ou mesmo na casa de alguém para jogar conversa fora. A fauna é composta por jornalistas, pedagogos, psicólogos, sociólogos, nutricionistas, advogados e até pessoas normais. Com raríssimas exceções, todos solitários, e os encontros acabam se tornando uma sessão de análise coletiva. Rola de tudo na prosa, política, futebol, economia, música, cinema, literatura, artes e principalmente a vida alheia. Depois da décima cerveja, todo mundo tem a solução para tudo e as discussões ficam mais calorosas e juntam se a nós Bach, Beethoven, Vivaldi, Mozart, pintores como Van Gogh, Monet, Picasso, todas as bandas de rock do século passado e todos os campeões mundiais em todos os esportes nos últimos 20 anos.
Como a maioria é ideologicamente de esquerda a cada semana se tem a impressão que faremos a revolução e pelas armas.
Em um dos últimos encontros na casa de uma das mais radicais, na base da carne assada e muita cerveja e depois de se discutir Nietzsche, Sartre, Marx, Engels, Clarice Lispector e de não chegarmos à conclusão de se realmente a Capitu traiu Bentinho, o papo tomou um caminho perigoso, a existência ou não de DEUS. O grupo, é lógico, rachou. Os ânimos se acirraram, e como diria meu amigo Izidio “tombou o caminhão de mexerica”. Nessa discussão os mais sóbrios fizeram papel de bombeiros e a coisa terminou como começou, sem consenso algum. Terminada a batalha, digo churrasco, cada um tomou seu rumo, com seus problemas, seus moinhos de vento. Chegando a casa ao abrir o portão para entrar, olhei para o céu estrelado, uma lua maravilhosa, sedutora e não tive dúvidas. DEUS existe, e certamente deveria estar morrendo de rir de nossas imbecilidades e mediocridades e com certeza estará presente em nossos próximos encontros, quer alguns queiram ou não.

Antonio Santiago