domingo, 18 de outubro de 2009

Manias do Rei

Os parceiros musicais Roberto e Erasmo Carlos já declararam sua afeição mútua na antológica canção Amigo. Na vida privada, as proclamações de amizade são menos convencionais. Nos anos 80, em um restaurante de Los Angeles, Roberto repreendeu Erasmo por sua suposta falta de asseio: o Tremendão – como é conhecido desde os tempos da jovem guarda, movimento que lançou o rock nacional nos anos 60 – não havia lavado as mãos antes de ir ao banheiro. Hipocondríaco, conhecido por suas estranhas manias, Roberto tentou convencer o parceiro de que o órgão sexual masculino é uma peça frágil, suscetível a todo tipo de infecção – tocá-lo com mãos sujas indicaria descuido com o próprio corpo. Para provar sua sintonia com o corpo, Erasmo embarcou em uma candente defesa do próprio instrumento (não musical, bem entendido). "Ele me obedece, me entende, está sempre pronto para a guerra. É meu melhor amigo", disse. "Ele já te emprestou dinheiro?", perguntou Roberto. E, diante da negativa de Erasmo, concluiu: "Então eu sou o seu melhor amigo". Esse diálogo esquisitão é uma das muitas anedotas incluídas por Erasmo em 'Minha Fama de Mau' (Objetiva; 360 páginas; 44,90 reais), que chega a partir de sexta-feira às livrarias. Despretensioso e muito bem-humorado, o livro, com texto final do jornalista Leonardo Lichote, não é uma autobiografia minuciosa do cantor – trata-se antes de uma espécie de álbum de memórias, uma reunião de casos vividos por Erasmo em cinquenta anos de carreira, com flagrantes impagáveis da música brasileira do período.


Fonte: revista Veja

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