domingo, 28 de novembro de 2010

Perdas

Homenagem de Lorena da Silva e André Leandro Veneruci, aos seus amigos Rafael e Fernando ou Tampa e Nariz, que morreram recentemente em acidentes de moto.

Ao falar em perdas é falar em solidão, desesperança, tristeza, medo. Quando digo perdas, não me refiro apenas aos que morrem, mas a todos que, de alguma forma, nos deixam prematuramente, antes que estejamos preparados.
Aquele amigo que se muda para longe. Um namoro interrompido de forma inesperada e, até mesmo, um ente querido que se nos deixa sempre provoca uma sensação de vazio em nó. E por que isso?
Por que sofremos tanto mesmo sabendo que estas perdas ou partidas inesperadas são inerentes a vida e que, portanto, não podemos controlá-las?
Desculpe-me, mas não sei responder com precisão essa perguntas. Contudo, o que me parece mais coerente é que nunca estaremos prontos para nos acostumarmos com a falta dos que amamos. Por mais que saibamos que a qualquer instante eles nos faltarão, temos sempre a predisposição em acreditarmos que quem nos ama nunca nos trairia nos privando de seu afeto, carinho e amor.
São exatamente aqueles que amamos que mais nos machucam com suas partidas inesperadas. Vão-se sem aviso prévio e nos levam a felicidade, a fé na vida e o equilíbrio.  Ora, o que fazer então? Não amarmos?
Não nos permitirmos gostar de alguém pelo simples fato de que seremos, mais cedo ou mais tarde, deixados para trás na vida, entregues às nossas angústias e remorsos por não termos dito tudo ou feito o suficiente por eles?
Creio que não. Se há algo na vida que mais nos trás felicidade é sabermos que somos queridos e não seria honesto nos privarmos de tal sentimento por covardia.
Um amor de pai e mãe, o carinho de um amigo ou afeto de uma relação a dois deve sempre se por ao medo da perda porque ela é inevitável. Já o sentimento, não. Ele deve ser exercitado todos os dias de nossa vida. Isso é o que nos move, nos dá o chão para que possamos caminhar pela vida com a certeza de que, haja o que houver, teremos sempre alguém com quem nos apoiará mesmo nos momentos em que não tenhamos razão.
Esta deve ser a maior lição deixada pelos que partem sem nos avisar. Lembrar-nos que devemos sempre curtir aqueles que amamos com a intensidade proporcional a brevidade de uma vida. Assim, quando nos faltarem, saberemos que amamos e fomos amados, que demos e recebemos todo o carinho esperado, que construímos um sentimento que nenhuma perda poderá apagar.
Este sentimento transcende o espaço e o tempo, não se limita ao contato físico. Torna-se parte de nós, impregnado em nossa alma, nos confortando nos dias difíceis, sendo cúmplices de nossas vitórias pessoais, norteando nossa conduta, nos fazendo sentir eternamente amados.
Que me perdoem os físicos. Mas, neste caso, acredito sim que dois corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Basta que permitamos sentir a presença dos que amamos dentro de nós, como se fossem parte de nossa alma. Somente assim seremos inteiros.
Rafael e Fernando ou Tampa e Nariz, vocês sempre estarão vivos em nossos corações. Saudades.

0 comentários:

  © GAZETA MARINGAENSE O PORTA-VOZ DA COMUNIDADE. template Configurado por Carlos Jota Silva 2010

Voltar ao TOPO