quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Eles entraram atirando: Violência policial contra jovens em Maringá

Por Maria Newnum*

A Anistia internacional no documento intitulado Brasil: Eles entram atirando: Policiamento em comunidades socialmente alertou que os excessos da policial nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo se repetem em diversas cidades brasileiras.
Segundo o documento, a maioria das vítimas da violência policial era constituída de jovens pobres, negros ou mestiços; muitos dos quais não possuíam antecedente criminal. Dos 17.900 jovens que foram assassinados pela polícia no ano 2002, 11.308 eram negros e pobres.
Em maio de 2005, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal Fluminense demonstrou que 30% da população defendia a idéia de que “bandido bom é bandido morto”. Em abril de 2005, Marcelo Itagiba, então Secretário de Estado da Segurança Pública do Rio de Janeiro, declarou que: “Se a polícia fosse mais ativa mataria mais bandidos”.
Esse pano fundo, não difere da realidade de Maringá; onde no dia 24 de Agosto de 2011, haverá júri popular para julgar os policiais que executam o menino Rodrigo Sales, morador do bairro Santa Felicidade.
O que fundamentou a “operação policial” no dia 24 de Abril de 2004, foi a acusação de que ele havia roubado a bolsa de uma pessoa; mas,  a autoria do roubo jamais foi comprovada.  Rodrigo, que passava por tratamento para livrar-se da dependência química, estava sozinho quando a polícia cercou sua residência. Desesperado e sem assistência de mãe que estava trabalhando fugiu, pulando de casa em casa, até chegar na penúltima residência da rua, onde pediu para se esconder. Mas, logo após a polícia, invadiu o esconderijo.
Em depoimento, testemunhas e a senhora que o escondeu disseram que a “operação” envolveu mais de 15 policiais militares e que o menino estava apenas de calção, sem chinelos e que não portava nenhum tipo de arma.
Os policiais encontraram-no debaixo de uma cama, totalmente indefeso e sem qualquer possibilidade de resistir à prisão. Mesmo assim, o executaram com 5 tiros a queima roupa. Outros tiros não o atingiram, mas, ficaram registrados nas paredes e nos móveis da casa.

Associação das Mães de Vítimas da Violência: Justiça e Paz, possui as fotos de como ficou o corpo de Rodrigo Sales. Não é possível para qualquer pai e mãe não ficar estarrecido com as imagens dessa execução.
Segundo a professora de direito penal Solange Paiva, que viu a cena do crime e tentou impedir que as evidências da execução fossem apagadas: “A casa ficou cheia de sangue; tinha marcas das mãos dele com sangue no teto e nas paredes. Cenas de terror: dentes dele espalhados desde o quarto até a porta de entrada, pedaço da orelha, cérebro e do corpo; enfim a reprodução do que faziam com presos políticos no regime militar…”
“Ele era um dos meninos que já estavam marcados para morrer pela polícia de Maringá. Outros que morreram após ele, foram ‘intitulados’ de vitimas do tráfico”, afirma a mãe de Rodrigo.  Todavia, as circunstâncias duvidosas da morte desses outros jovens serviram de desafio para a formação da ONG - Associação das Mães de Vítimas da Violência: Justiça e Paz”.
A ONG recebe apoio de parentes, amigos das vítimas e de indivíduos da sociedade que defendem a punição dos policiais que executaram o menino Rodrigo Sales com requintes de crueldade.
O Júri será no dia 24 de agosto no Fórum Estadual de Maringá - Avenida Tiradentes 380; com início às 8:30h e será aberto ao público.
Esta farda que com honra envergamos; Orgulhosos das missões consagradas; Representa a paz que preservamos... - Trecho da canção 10 de Agosto que enaltece a Polícia Militar do Paraná.

*Maria Newnum é pedagoga e colunista da Folha de Maringá.

2 comentários:

Anônimo,  24 de agosto de 2011 às 22:06  

Falar que o "menino" foi morto, isso merece uma reflexão: ele era bandido, assaltava, invadia residências, furtava arma de policiais e aterrorizava moradores, enfim, usava arma para praticar crimes contra pessoas em suas residências. Os Policiais usam arma para defender a sociedade. Se houve excesso, cabe à Justiça decidir. Ele escolheu o crime como meio de vida, sabia dos riscos, pois usava armas. Vá lá no 4º Batalhão e veja no quadro de honra quantos PMs já morreram em Maringá defendendo a sociedade contra esses bandidos. Escreva algo melhor: ele não era "menino", mas sim "bandido". Você o defende porque não foi vitima dele. Nunca vi vc defender um Policial que morreu por defender a sociedade. Faça algo de bom: và até o 4º BPM, escolha apenas um dos policiais que já foram assassinados por esse "meninos", visite a familia dele, dê um abraço, agradeça, sinta a dor dos filhos e daí sim, escreve algo sério.

LOYRA*SP 29 de agosto de 2011 às 13:38  

Eita... o Anonimo falou tudo que eu ia falar. O "menino" estava debaixo da cama pq? Já fui abordada muitas vezes por polícia do bem e do mal, primeiro procedimento: NÃO CORRA, levante suas mãos e deixe a coisa seguir. O policial está FARDADO, todo mundo logo identifica, já o BANDIDO NÃO, ele está infiltrado, no meio de gente de bem. É claro que pai e mãe são pais em qualquer lugar e de qualquer pessoa, evidente que não querem seus filhos nesse mundo maldito das drogas, do alcool, antes fosse apenas mais um maldito fumante, não é?
Parabéns ANÔNIMO! Disse tudo. Vamos parar com essa degradação de todas as polícias e apologia aos criminosos. Em toda corporação, em toda empresa governamental ou não tem gente do bem e gente do mal. Não se pode jogar tudo na vala comum não.
APOIADO.
P.S.: Só quem já teve um revólver encostado na cabeça, para ter seu carro, dinheiro e até vida levados a troco de nada, sabe como é e qual é o sentimento.
Falei mesmo!

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