segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Histórias do futebol

O atacante Quarentinha fez 313 gols pelo Botafogo, o que o tornou o maior artilheiro do clube carioca. Mas uma outra característica o colocou na história do futebol brasileiro: nunca celebrava os tentos. Podia ser em amistoso, meio de campeonato ou grandes finais. Marcava, virava-se e seguia indiferente até seu campo. Para quem tentava desvendar a razão de tamanha apatia, justificava: “Sou pago pra isso. É a minha obrigação”.
A atitude aborrecia os diretores e parte da torcida. Mas a quantidade de gols – boa parte feita por sua potente canhota – calava as críticas. Defendeu a equipe da estrela solitária de 1954 a 1964. Por três anos seguidos foi artilheiro do Campeonato Carioca. Pela seleção, jogou 19 vezes, alcançando a ótima marca de 17 gols.
Era avesso à badalação, dava poucas entrevistas e não permitia que a família fosse assistir aos jogos. Nunca presenteou o filho com uma camisa do Botafogo. “Queria que ele se tornasse doutor”, explica Rafael Casé, autor da biografia do jogador. Para o escritor, o jeitão sisudo era apenas uma maneira de esconder a personalidade tímida. “Ele defendia-se da timidez dizendo que fazer gol era apenas sua função. Mas era brincalhão com os companheiros”, esclarece.
Após a morte de Quarentinha, em 1996, o jornalista Armando Nogueira dedicou-lhe uma crônica, em que finalizava: “Sempre que o via voltando da área, cabisbaixo, eu o imaginava a parodiar, bem baixinho, os versos de Manuel Bandeira: ‘Faço gol como quem chora / Faço gol como quem morre’.”

Fonte: Revista Almanaque Brasil

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