sábado, 20 de agosto de 2011

Maringá: uma cidade sem homens

Por Marta Bellini*

A recente notícia de que as espinhas das avenidas da Maringá serão desmanchadas, e por que não dizer, destruídas, assinala o destino dessa província: ser uma cidade qualquer em qualquer canto do mapa. Maldição? Pode ser. É a sina política das cidades do Brasil: fazer uma cidade para os carros. Em uma cidade para os carros, os homens não existem. As ruas não podem ter um canteiro central com plantas e suas flores. Isso é um incômodo para os automóveis. Nas árvores, sentam-se pássaros. Por problemas biológicos de qualquer ser vivente, eles defecam e esses restos fisiológicos caem nos carros. Essas árvores – na maioria ipês – não ficam com folhas o ano inteiro. Para que as flores nasçam nessa espécie, é necessário que elas se dispam de suas folhas. Jogam suas folhas para suprir de energia suas flores. As flores são a vagina e o útero das plantas. Abrem-se à reprodução de mais vida, de mais cores e da partilha sentimental com os insetos, esses seres alados que respiram e refestelam no pólen. Muita orgia para a Maringá conservadora. As avenidas, doravante, serão do mundo das máquinas doidas, notícia diária de morte e dos desastres. Dos automóveis das mais diversas marcas. Dos carros que desfilam o progresso, das montadoras, é claro. Maringá substitui as espinhas centrais das avenidas para dar espaço ao mercado das montadoras. Deveríamos mudar de nome. Podemos trocar Maringá por Fordingá. Ou Wolksingá. Ou Celtaingá. Ou Maringamóvel. É só escolher, a porcaria é a mesma. Os homens, as mulheres, as crianças, os jovens... ah, isso são meros acessórios.

*Marta é docente na UEM (Universidade Estadual de Maringá) e escreve para a Folha de Maringá

4 comentários:

Walter,  20 de agosto de 2011 às 10:47  

Concordo totalmente, estamos sendo irracionais dando prioridade aos veículos motorizados. Que interesses podem motivar autoridades a tomar decisões tão idiotas?

Neio,  20 de agosto de 2011 às 15:25  

Concordo que as espinhas de peixe devem ser retiradas com urgência, mas devem ser trocadas por canteiros e não por mais uma pista de rolamento. Tendo uma administração como nossa cidade tem, só podemos esperar o pior para a avenida Brasil, pois de dentro da cabeça de um prefeito igual ao nosso só sai coisa ruim para a cidade!!!!!!!

Jeferson Damascena,  20 de agosto de 2011 às 21:12  

Parabéns a prof.Marta. Maringá sob estes sete anos desta infeliz administração Silvio Barros II ficou a mercê do que há de pior nesta cidade, ou seja, sua elite provinciana e completamente desconectada da realidade.

Elitor,  21 de agosto de 2011 às 19:33  

Também concordo. Mas quem elegeu os barros?
E quem irá eleger o Enio Barros?

Haja cesta básica>>>!!!

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