quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Monstro com gostos refinados


Belo, elegante, perfumado, de luvas brancas e assobiando árias da ópera Tosca, de Puccini, o médico alemão Josef Mengele selecionava as cobaias humanas para suas atrozes experiências científicas com um leve toque de seu chicote de cavaleiro na ponta de uma das botas do eleito. A cena se repetia na rampa do campo de concentração de Birkenau, no complexo de Auschwitz, na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial. O "Anjo da Morte", como ficou conhecido, venerava as sinfonias de Beethoven, adorava cães, apreciava torta de maçã e tratava a todos com extrema polidez. Com meticulosidade,registrava em um bloco pequeno incidentes da vida cotidiana: pias entupidas, aspiradores estragados ou panes de eletricidade. Enquanto enviava milhares de prisioneiros para os fornos crematórios e as câmeras de gás, anotava em seu diário eventuais males de que sofria, como dores de cabeça, reumatismos ou diarreias. Com cinismo exacerbado, total ausência de afeto e fanatismo científico, Josef Mengele foi um típico exemplo de criminoso perverso. Seu fim é conhecido. Com a derrota nazista, fugiu para a América do Sul, morreu sob nome falso em 1979, na praia de Bertioga, litoral norte de São Paulo, no Brasil, e foi finalmente identificado em 1992, graças a testes feitos após a exumação de seu cadáver.

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