Negros também faziam escravos
No clássico Quincas Borba, o escritor Machado de Assis conta a história de Prudêncio, um escravo vítima de maus-tratos que, tão logo se viu liberto, comprou seu próprio escravo para surrá-lo. Machado não exagerava. Entre os séculos 16 e 18, a escravidão era vista como uma atividade corriqueira até pelos próprios negros. O escravo era a commodity de maior valor na época e toda a poupança do império estava investida no tráfico negreiro. Até uma senhora idosa investia o dinheirinho de sua pensão na compra de escravos, afirma o antropólogo Milton Guran. Traficantes europeus e árabes raramente se aventuravam na captura dos negros no interior da África. Os africanos eram normalmente capturados por outros africanos, que usavam o dinheiro que ganhavam para viver com luxo e comprar armas. O tráfico propiciou a formação de reinos negreiros, que organizavam expedições e o transporte dos cativos para os portos e brigavam entre si pelo controle de zonas de captura e rotas de tráfico.
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