Cotuba e suas tiradas
Por Rolando Boldrin*
O Cotuba era um desses tipos da minha terra que não dá pra esquecer. Era uma figurinha. Boêmio, gozador, tinha uma paixão danada pela famosa branquinha, a nossa bebida mais pura, a cachaça.
Dizem os historiadores que ele não comia comida, dessas à base de arroz e feijão, pois sua alimentação era mesmo a pinga. E dizem que em doses homeopáticas, desde manhãzinha.
Agora, o que ele tinha mesmo de engraçado eram as respostas na ponta da língua, pra qualquer assunto. Isso era digno de estudo, pois bastava o cidadão acabar de fazer a pergunta, pra imediatamente ouvir a resposta numa sacada inteligente.
Caboclo – Ô Cotuba, por que é que você, em vez de tomar tanta pinga, não toma água?
Cotuba – Porque não sou camelo.
Caboclo – Então beba leite.
Cotuba – Não sou bezerro.
Caboclo – Coma arroz!
Cotuba – Não sou japonês.
Caboclo – Coma açúcar!
Cotuba – Não sou formiga.
E assim seguiam as brincadeiras do pessoal, só pra ver o Cotuba responder na lata a qualquer pergunta.
Um belo dia, o pinguço vai ao médico. O doutor começa a apalpar o tórax do dito cujo e, quando apalpa no lugar que a gente costuma ter o “figueredo”, ao constatar que o bendito órgão se apresentava meio inchado, pergunta:
Doutor – O senhor bebe?
Cotuba (no ato) – Aceito, sim, sinhô!
E lá se foi pelas ruas de São Joaquim da Barra a contar a história…
*Rolando Boldrin é ator, músico, escritor e apresentador
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