terça-feira, 16 de agosto de 2011

Que história deixarão os guardiões da Casa do Povo maringaense?

Por Maria Newnum*

 “Os homens anseiam mais pela glória do que pela virtude.” – Juvenal – Poeta Romano do Século II.

O Projeto de Emenda Constitucional (PEC) aprovado em 2009, que alicerça a recomposição do número de cadeiras nas Câmaras Municipais brasileiras, visa garantir que a representatividade das “Casas do Povo” corresponda ao número de habitantes das cidades.
Assim, pela Lei, a Câmara Municipal de Maringá deve abrigar até 23 cadeiras no Legislativo, acompanhando a realidade de uma cidade que cresce vertiginosamente, mas, possui o mesmo número de cadeiras de 1950 quando a população era de apenas 38.588 habitantes (dados da PMM). Já em 2010, o Censo do IBGE apontava para uma população de 357.117 habitantes.
Portanto, as preocupações levantadas por cidadãos, grupos e entidades que defendem a recomposição de 15 para 23 cadeiras é com a ampla defesa do direito de todos os setores da sociedade maringaense; inclusive, da população mais pobre dessa “bela cidade rica” que, ainda sofre com a ausência de asfalto, moradia, saúde pública eficiente, segurança; etc...
Dito isso, subentende-se que compete aos guardiões da Casa de Leis buscar formas eficazes para implementar meios que viabilizem que essa representatividade ampla ocorra.
Um dos caminhos seria reduzir o orçamento astronômico da Câmara; adequando-o para uma realidade orçamentária que seja aceitável pela maioria da população que sobrevive a duras penas com “salários mínimos”...
E isso se faz necessário porque, se por um lado uma parcela da população não compreende a importância da expansão da representatividade política na Casa do Povo, por outro, a maioria não tolera os gastos excessivos e não aceita pagar um tostão a mais aos políticos dessa cidade. Evidentemente, isso é fruto de uma descrença generalizada com a política nacional e de um desgaste, mui particular, com a Câmara Municipal de Maringá.
Sendo assim, melhor momento não há para os nobres vereadores que desejam “reconquistar” a confiança do povo; demonstrando que, até arriscam-se a colocar suas futuras reeleições em segundo plano, para zelar por esse bem inalienável do povo que é a ampla representatividade política.
Mesmo o percentual de 3,5% de um orçamento de 700 milhões (que supostamente é o montante usado pela Câmara Municipal hoje) é um valor gigantesco: Ou seja, 22,5 milhões de reais por ano. Trocando e miúdos, a Câmara de Maringá lida com valores inimagináveis pelo cidadão comum que sobrevive contando os trocados até o fim do mês. Mesmo e não obstante, saiba-se que o legislativo gaste 6% (42 milhões anuais) da arrecadação com propaganda visando, entre outras coisas, difundir a falsa imagem de uma cidade linda, rica e perfeita; onde a feiúra das ruas embarreadas dos bairros e os corredores super lotados do hospital municipal nunca aparecem nas fotos. Também não aparece nas fotos a dura realidade de pequenos e médios empresários que lutam com muito esforço para sobreviverem, desprovidos de qualquer incentivo fiscal por parte desse mesmo legislativo.
Por conseguinte, vive-se um momento em que a matemática é absolutamente necessária, pois os números não estão sendo avaliados e nem justificados devidamente. E esse seria um viés importante de avaliação, em especial, por uma parcela da população que segue “enganada” por alguns veículos da imprensa “paga” que se alinham tão somente aos interesses de uma minoria rica que, ainda nesse século, não compreende que a hegemonia política além de burra é altamente perigosa. Pois, para o legislativo, quanto menor for a representatividade política, maior será o poder de controle.
Homenageando todos/as os/as nobres da Câmara Municipal favoráveis à Recomposição para 23 cadeiras, divido a fala do “nobre” vereador Manoel Álvares Sobrinho do PC do B: “Não estou preocupado com minha próxima reeleição. Estou preocupado com as novas gerações...”
Como dizia Christopher Lee: “As pessoas fazem a História, mas raramente se dão conta do que estão fazendo”.
Será que os guardiões da nossa Casa de Leis sabem que estão escrevendo a História da Cidade Canção? Espere o bater do martelo... E fique de olhos bem abertos sobre os nobres que defendem apenas 15 cadeiras...

*Maria Newnum é articulista, pedagoga, mestre em teologia prática, e assessora de imprensa da www.assindi.org.br/

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