sábado, 10 de abril de 2010

Lembranças

Foto de André Leandro Veneruci
Era década de 70. Chegou à cidade proveniente do campo de onde foi expulso pela grande geada que dizimou a lavoura de café. Ficou fascinado com o movimento na rodoviária. Tinha apenas 20 anos e a esperança de uma vida melhor. Trazia na bagagem muitos sonhos. Era época do “milagre brasileiro”. Diziam que o bolo cresceria e seria dividido entre todos. Sem estudo e qualificação foi trabalhar na construção civil. Trabalho árduo, mas Pedro era trabalhador e a sua determinação era do mesmo tamanho que sua esperança. Aos domingos sua diversão era ir à rodoviária e ver o movimento. Tanta gente chegando e fazendo uma pequenina cidade se agigantar. Pedro conheceu Esmeralda, casou-se, tiveram dois filhos. O bolo cresceu, porém nunca foi repartido. E de milagre e planos mirabolantes o País foi mudando de cara. E nesse ritmo a vida foi passando. Os filhos cresceram e foram embora em busca daquilo que ele não conseguiu. E ele continuava na sua rotina domingueira, agora na esperança do retorno dos filhos.
Um belo dia a rodoviária mudou de endereço, agora bem mais ampla e bonita. Ele, no entanto, guarda boas lembranças do prédio antigo no centro da cidade, que ainda funcionava com algumas lojinhas e que também acabaram por se mudar. Pedro espera algo que nunca vem e seus filhos nunca mais retornaram. Suas lembranças continuam vivas e aos domingos ainda passa em frente da antiga rodoviária, agora um prédio abandonado, a espera de um milagre, ver os filhos desembarcando no mesmo lugar onde um dia, há muito tempo atrás, ele chegou. Só que isso jamais acontecerá porque soube por esses dias que estão pretendendo derrubar seu único vínculo com o passado. Querem acabar com suas lembranças, uma das poucas coisas que lhe restaram.

Antonio Santiago

3 comentários:

Juliana,  10 de abril de 2010 às 23:27  

Linda crônica, parabéns!

JC,  11 de abril de 2010 às 18:48  

Esta é administração mais perversa e burra que esta cidade já teve.
O povão enganado ( e influenciado pelos sempre especuladores imobiliários, além dos puxa-saquistas).
Elegeram o mais folgado e manjado sujeito, que parece estar gozando de todos, viajando e deixando a cidade abandonada. Em outro lugar mais sério, este importante edifício seria um cartão de visitas, recheado de história viva, arte e cultura, 24 horas por dia, e todos sairiam ganhando, inclusive a iniciativa privada em parceria com o município.
Mas... quem sabe daqui um século, quando houver cidadania e amor ao patrimônio histórico e cultural.
Com a derrubada da Rodoviária, será como o corte do dedo polegar de uma mão.
Pois Maringá perderá uma das poucas marcas de sua identidade. Será mais um amontoado de caixotes gigantes de concreto, de gosto duvidoso.

Arquitetos se calaram, universidades são passivas, a palavra mais usada no mundo moderno é Restauração e Preservação, mas em Maringá a onda é gesso e isopor!

Lá no futuro, o julgamento deste crime será tarde demais. Lamentável!

Quem viver, verá?

Anônimo,  23 de abril de 2010 às 22:49  

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