sábado, 30 de outubro de 2010

Adiós Muchachos

Em primeira mão a matéria, que poderia também ser uma carta-desabafo, da minha amiga, a jornalista Ruth Bolognese, que será publicada em alguns jornais do interior do Estado, onde ela escreve uma coluna aos domingos (31), inclusive no "O Diário". A respeito do teor da matéria tecerei meus comentários amanhã.

Por Ruth Bolognese

E depois de quase 3 anos de feliz convivência com leitores dos quatro cantos do Paraná eis que essa brava colunista encerra suas atividades nos jornais do Interior. Involuntariamente, diga-se. E se me permitem a comparação mal ajambrada, assim como o perdedor, ou a perdedora da eleição presidencial de hoje, estarei jogada pras traças a partir dessa segunda-feira negra. Já não choro, nem lamento o ocorrido porque, entre tantas labutas dessa profissão, a começar pelos números periclitantes da conta bancária, está a instabilidade funcional.Ou, melhor explicando, sempre que as linhas escritas se distanciam do traçado oficial, lá vem pauleira.
Se guardo mágoas? Não, meus Caros. Já tive meus momentos sem glória: num belo dia de Agosto, há quase 10 anos, o ex-governador Paulo Pimentel, dono do jornal “O Estado do Paraná”, onde esta coluninha bombava, mandou avisar que era pra parar com tudo. Parei, uai. E fui de mala e cuia trabalhar com meu amigo José Eduardo Andrade Vieira, dono da “Folha de Londrina”. Com alguns entreveros no meio do caminho, contei cinco anos por lá, diariamente. Até que o conselheiro do Tribunal de Contas, Caio Soares, aparentado com o dono do jornal, exigiu minha cabeça por causa de uma nota meio indecorosa. Gota dágua para o Zé Eduardo, que estava meio cansado de ouvir reclamações de políticos e afins. E eu de mala e cuia na rua de novo,apesar da longa amizade.

E que tal fazer uma rede de jornais para publicar a coluna, simultaneamente? Ideia que a Associação dos Diários do Interior, ADI, topou na hora. E lá vou eu, de mala e... Eram os loucos anos Requião, em que a “imprensa canalha”, expressão usada e abusada pelo próprio Governador, ficou à míngua e o terreno, para mim, foi fértil e deu frutos. Aos 57 anos, com a cara e a coragem, fui parar na telinha da rede Massa, do popular Ratinho, e mesmo com as meninas lá em casa aconselhando uma cirurgia plástica básica “só pra abrir um pouco mais seus olhos, mãe!”, já faz mais de ano que estou por lá, todos os dias, às 7 da matina.

Opção e revelação

E veio a eleição nesse santo ano de 2010. Fui escrevendo, escrevendo, e quando dei por mim, já tinha colocado a mala e a cuia na campanha de Osmar Dias. Na sinceridade? Votei, torci e a tão decantada “imparcialidade” do jornalismo paranaense foi pras cucuias. Acreditei, e não riem, pleeease, que era possível ser  verdadeira com os leitores, deixar claro a posição política e, mesmo assim, ou até por causa disso, continuar exercendo meu ofício.Ou, vejam o grau da ingênua periculosidade, dar informação tão direta ao leitor para que ele próprio viesse concluir que “essa Ruth está escrevendo isso porque é pró Osmar Dias.” Claro, claro, a referência à colunista não viria exatamente com  palavras tão doces,  diante das exacerbadas emoções da campanha, mas vá lá. Baseei-me nos exemplos do vetusto “O Estado de São Paulo”, na imprensa norte americana, e mesmo nas mal disfarçadas linhas da revista “Veja”. Um erro de cálculo que me custou esse espaço tão duramente conquistado nos jornais do Interior.
Mais uma despedida, meus Caros, e já nem dói tanto. Aqui se faz, aqui se paga. Fiz e “se dei mal”. Sigo meu caminho e, quem sabe, não vá surgir uma nova idéia daqui a pouco? Mas não me venham com a sugestão de um blog, por favor, porque  ficar ligadona 24 horas cansa por demais. E aí, mesmo com a colunista bem dormida, a telinha da rede Massa já é cruel, imaginem com olheiras! É plástica, na certa, perspectiva pavorosa para quem, como eu, ao contrário do senador Álvaro Dias, pretende manter o domínio absoluto das expressões faciais.
Há um banzo, sim, confesso. É uma saudade do velho e bom Richa, um homem capaz de empregar 7 comunistas no Governo e,ao mesmo tempo, ter amigos  até entre os militares em plena Ditadura. Mas essa é outra história.
Milhões de beijos e abraços para quem me acompanhou nesse tempo todo. Fui!

2 comentários:

Anônimo,  31 de outubro de 2010 às 13:25  

Com todo o respeito, o jornalismo de verdade , se é que ainda existe, não perde nada com a decisão de Ruth, ao contrário.Quem serve de porta voz das elites esperando "respeito", "fidelidade", só com muita "ingenuidade, o que obviamente, não é o caso.

Anônimo,  31 de outubro de 2010 às 16:09  

Acho uma pena. Gosto da Ruth mas... fazer o quê?

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