Vamos deixar a dengue atingir a maior idade?

Por Solange Depieri de Souza*

Há uma década a Campanha contra a dengue vem se repetindo. Se repetindo e parte da população vem apenas assistindo, como se isso não fosse verdade, não tivesse acontecendo. Com 10 anos se falando a mesma coisa sobre o mesmo tema – dengue -, deveríamos ter resultados positivos e definitivos sobre essa doença. Doença que ao invés de acabar, apresenta-se já sob a preocupação de epidemia.
O QUE TEM ACONTECIDO? O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Por que a população não tem feito a sua parte? Por que não tem ouvido o pedido, o apelo em todos os meios de comunicação e demais setores envolvidos nas Campanhas? Vivemos uma época de evolução coletiva, onde não há espaço para o individualismo, para o egoísmo. Ou cuidamos todos, praticamos todos os cuidados necessários para o combate e proliferação desse mosquito, ou essa doença não nos dará paz! Inocentes serão contaminados. Inocentes poderão morrer; isso não é justo, isso não é cidadania, isso não é cristão.
O que mais é preciso ser feito para que todos acreditem, para que o povo faça a sua parte? Para que ouça e escute, olhe e veja, sensibilize-se? Os noticiários repetem sistematicamente: “aumentam os números de casos confirmados”. Essa doença só continua porque parte da população não esta fazendo a parte dela. A Secretaria da Saúde e demais pessoas envolvidas na Campanha não dão conta, não vão fazer milagre. E pior, ainda hoje os Vigilantes Sanitários, cujo trabalho é visitar residências verificando e orientando, são impedidos de entrar em algumas residências. Vamos deixar a Dengue atingir a maior idade? Dez anos ela já completou.
Diante da preocupante questão da Dengue, o MECUM (pronuncia-se MÉCUM) Movimento Ecumênico de Maringá se junta a todos que já estão participando da Campanha e convida as Igrejas para somarem no trabalho de conscientização, na parte educativa juntamente com a Secretaria da Saúde e todos que já estão nesta luta.
Convidamos as Igrejas que fazem parte do MECUM e as que não fazem parte, também. Todas as demais Igrejas que se sensibilizarem e puderem participar, venha somar com a gente, com a Secretaria de Saúde. Por que o convite para as Igrejas? Porque acreditamos que seja necessário olhar para questão dengue sob outro enfoque, e esse enfoque, a Igreja poderá fazê-lo. O enfoque de padres e pastores no sentido de que as pessoas que não seguem as orientações para o combate da dengue, que se recusam a fazer a sua parte, serão as responsáveis pela continuidade da doença.
Que se pessoas com dengue vierem a morrer, essas pessoas serão responsáveis por isso, uma vez que não fizeram a sua parte seguindo as orientações e praticando os cuidados necessários. Pode-se enganar a sociedade, a comunidade. Pode-se ser omisso irresponsável, não colaborar, não fazer a sua parte, mas, a Deus não se engana e perante Deus, somos todos responsáveis!
Deus não se passa para traz, a Deus não se engana! Assim sendo, acreditamos que aquelas pessoas que até agora não acreditaram na gravidade do problema e não estão fazendo a sua parte, possam ouvir e escutar, serem tocadas, e se sensibilizar ouvindo a mensagem de seus padres, pastores, líderes religiosos, enfim, que através da religião, de suas crenças e fé, façam o papel dos verdadeiros cristãos, que tenham em Jesus Cristo o exemplo a ser seguido: Jesus Cristo que ensinava e fazia, suas palavras eram suas ações, atitudes e vivências.
Que seguindo os ensinamentos de Cristo, pratiquemos o que Ele nos ensinou: Amar ao próximo como a si mesmo! Ou, que se seja como o Samaritano. “Mas um Samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão. Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois, colocou em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele”. (Lc 10,33-34).
É disso que precisamos. De cuidados, de pessoas cristãs vivendo e agindo como verdadeiros cristãos, dando testemunhos de serem seguidoras dos ensinamentos do Pai através do seu filho Jesus Cristo! É de cuidados que a humanidade necessita, cuidado em forma de amor, de respeito, de solidariedade, de atitudes. De não se fazer a próximo o que eu não quero que façam para mim! Cuidados evitando doenças, combatendo a dengue!
Enfim, acreditamos, confiamos que através da fé, da religião, da crença, aqueles que ainda não se sensibilizaram, tenham seus corações tocados e possamos todos juntos, unidos numa mesma força e coração, fazendo cada um a sua parte, combatermos definitivamente a dengue.

*Solange Depieri de Souza é presidente do Movimento Ecumênico (MECUM) em Maringá