quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Apaga-se uma estrela

Foto de André Venerucci

*Matéria publicada na edição nº 6 do Gazeta Maringaense
de junho 2009

"Infeliz é o país que precisa de herois”.

Essa frase de Berthold Brecht, na peça sobre a vida de Galileu retrata bem o que é o Brasil. A mídia, notadamente, a Rede Globo vive tentando criar herois para o povo brasileiro, foi assim com Tancredo Neves, Airton Sena e tantos outros. Mas o que é ser heroi?
Herois se distinguem por duas qualidades fundamentais. Primeira, não têm medo de navegar contra a corrente. Segunda, são capazes de enxergar o óbvio – mesmo que ninguém o veja. Herois quase sempre são do contra. Não se incomodam por estar em minoria, ou mesmo sozinhos. Não realizam atos de bravura por ostentação ou vaidade. São pessoas que não estão em busca de vaidades pessoais, são humildes e por isso mesmo conseguem enxergar a essência do ser humano. Dia 30 de maio tive o prazer de almoçar com uma mulher admirável, uma verdadeira heroína, dessas que chegam assim de mansinho e conquistam com suavidade, sem se impor.
Essa mulher é a doutora Zilda Arns que há mais de 20 anos assumiu a responsabilidade de salvar vidas. Tudo começou em Florestópolis, arquidiocese de Londrina. Com poucos recursos e uma receita simples (soro caseiro) conseguiu nestes anos o milagre de conservar a vida de milhares de bebês que morriam em decorrência de desidratação em função de doenças decorrentes da desnutrição. Incansável ela conseguiu arrebanhar um exército de voluntários que fazem parte da Pastoral da Criança. A Pastoral é ligada à igreja católica e percorre os lugares mais ermos desses diversos Brasis para acompanhar mães e crianças. Outro método utilizado pela Pastoral é o uso da multimistura, um mix de vários produtos, que é distribuído para a população carente com o intuito de enriquecer a alimentação.
Doutora Zilda, pediatra, que sempre trabalhou em prol dos necessitados é um exemplo para todos nós. Pude ver durante o almoço como ela atendeu a todos sempre com um sorriso e voz suave. Mesmo com horário apertado, ia embarcar para São Paulo, não se furtou de tirar fotos, de conversar com todos sem distinção. São herois assim que precisamos, como doutora Zilda e seu exército de colaboradores, que trabalham anonimamente, sem esperar glórias ou recompensa financeira. Zilda, não ganhou, mas sem dúvida merece o Nobel da Paz por seu trabalho silencioso, porém eficaz.

Antonio Santiago

4 comentários:

MARIA CRISTINA,  13 de janeiro de 2010 às 19:40  

Esse é o tipo de herói que nos faz lembrar que estamos na Terra para cuidarmos uns dos outros...Alguns com a sua infinita sabedoria.. generosidade, compaixão e fé, vão mais além....

Um abraço!

Anônimo,  13 de janeiro de 2010 às 20:46  

Feliz de quem conseguiu tocar nessa santa. Se existir céu com certeza ela já está lá.

Claudia,  13 de janeiro de 2010 às 21:14  

Essa foto voces tem que guardar em uma moldura. essa mulher é um exemplo de vida, a maioria desses políticos deveriam se mirar nela.

Carla,  13 de janeiro de 2010 às 22:14  

...o que dizer de alguém que teve caridade sem salvacionismo... humildade sem baixa estima.. determinação sem atrevimento... obediencia sem submissão... bondade sem anulação da personalidade... compaixão sem sentimentalismo... segurança sem impulsividade... perseverança sem obstinação...
Zilda cumpriu dignamente sua missão aqui na Terra e o que seu exemplo seja seguido por muitos e muitos... assim como que sua Luz seja acessa dentro de nossa escuridão... e tenha certeza que o nosso bom Pai Criador ja acolheu de braços abertos como o Cristo Redentor... e sua estela já tem um lugar garantido no seu...

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