Cega, surda e muda

O que tem em comum a deputada federal Luiza Erundina e os políticos mensaleiros, ou ainda Paulo Maluf, Renan Calheiros, Jáder Barbalho e muitos que estão por aí? Todos eles têm problemas com a justiça no tocante a dinheiro público. As coincidências param por aí. Ao contrário dos outros, Erundina não se beneficiou com um tostão. O crime dela foi quando em 1989, quando era prefeita de São Paulo, apoiou a greve dos motoristas de ônibus e determinou que os ônibus não saíssem da garagem para preservar o patrimônio público. Mas foi mal interpretada pela opinião pública e sofreu uma série de ataques, no que ela publicou um comunicado em um jornal paulistano com esclarecimentos à população, pago com o dinheiro da prefeitura. Foi processada e condenada a devolver mais de trezentos mil reais e como ela é uma pessoa que não tem posses, uma corrente se formou para impedir que perdesse os únicos bens que possui, um pequeno apartamento e dois carros velhos.
E agora eu pergunto: Por quê a mesma Justiça que a condenou, também não age da mesma forma com esses corruptos que lesam o país em milhões e tudo comprovado? Será que aquela frase de que a Justiça é cega não é real? Pois, em alguns casos, ela é cega, muda e, sobretudo surda.

Antonio Santiago