Na ficção a realidade é outra coisa
Pintado em 1888, o quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, é a mais conhecida representação do que aconteceu na tarde de 7 de setembro de 1822. Uma leitura do pintor, cheia de “licenças poéticas”. Pedro Américo resumiu: “A realidade inspira, e não escraviza o pintor.”
Veja algumas “licenças”:
* As mulas que levavam a comitiva - incluindo D. Pedro - foram substituídas por imponentes cavalos.
*D. Pedro ganhou feições garbosas e ar resoluto - seria impróprio retratar o futuro imperador com expressão de que estava sofrendo incômodo gastrointestinal. Segundo cronistas da época uma dor de barriga foi o motivo da parada nas colinas do Ipiranga.
*A correnteza do riacho devia passar por trás de quem observa a cena. Em nome da estética, o riacho ficou entre a cena e o espectador.
Outros quadros representaram o grito do Ipiranga. Em Proclamação da Independência, do Museu Imperial de Petrópolis, pintado por François-René Moreaux em 1844, em vez de solene momento histórico, apresenta uma feliz confraternização popular.
Matéria de Marcia Blasques, publicada na revista Almanaque Brasil em setembro de 2001.
0 comentários:
Postar um comentário