domingo, 30 de agosto de 2009

Simplicidade feminina

Por Danuza Leão*

Os homens não entendem as mulheres. Por que será? Elas são seres simples, e basta prestar um pouquinho de atenção para saber o que passa em suas mentes. Mas, como elas não costumam dizer o que sentem, e eles não costumam perguntar, permanece a incompreensão. Para começar, uma mulher precisa, acima de tudo, se sentir desejada o tempo todo. Nada lhe agrada mais do que entrar num restaurante e sentir que todos olham para ela. Mulher sente isso no ar, e tem mais: não é necessário que seja um homem ao qual ela dedicaria ao menos um minuto de seus pensamentos. Se uma mulher receber o galanteio de um feirante - não que eles sejam os reis da sutileza ou, aliás, por isso mesmo, se acha o máximo. E existem algumas que, quando estão com o moral baixo, vão dar uma volta no centro comercial da cidade, onde os homens são mais sensíveis ao charme feminino. Bem mais, seguramente, do que nos desfiles de moda. A obrigação de um homem é desejar a mulher que está com ele. Uma amiga me contou que se encontrou com um conhecido num avião e logo depois da decolagem ele perguntou, à queima-roupa, se ela queria transar com ele.


Ela - no mínimo pelo inesperado da pergunta - nem soube o que responder. Concluiu o cavalheiro: "Bem, eu já fi z minha obrigação, então não se fala mais nisso''. Um gênio, convenhamos.Uma das coisas que os homens não sabem, e jamais saberão, é como agir depois da primeira transa. Vamos supor que tenha sido na casa dele. Quando ela acorda e abre os olhos, a primeira coisa em que pensa é: "Ai, meu Deus, e agora?" Levanta-se na ponta dos pés, recolhe os sapatos, a bolsa, as meias, esquece os brincos, claro, e sai de mansinho para que ele não acorde. Nessa hora só quer chegar em casa. Depois de tomar um banho, a cabeça começa a clarear e ela não sabe se muda de cidade, só para não encontrá-lo. O telefone fica na secretária de medo que seja ele - Deus a livre. A noite chega e ela começa a ficar nervosa. Não quer vê-lo nunca mais, mas ele tinha obrigação de ligar. Mas nada. Ah, que ódio. Ela tenta justificar. Afinal, saiu sem nem deixar um bilhete. Mas, bem lá no fundo, ela não entende como, depois de tudo o que aconteceu, ele não entra porta adentro dizendo: "Eu tinha que te ver". Pelo sim, pelo não, põe um jeans, uma camiseta e faz um rabo-de-cavalo para bancar a simplesinha se ele aparecer. Mas nada. A coisa começa a ficar preta. A não ser que ele tenha sofrido um infarto, nada explica esse silêncio. Se ele não der uma demonstração rápida de que aquela ficará como a noite mais inesquecível de sua vida, por mais moderna e liberada que ela seja, vai odiar esse homem como só uma mulher é capaz. Ao mesmo tempo, daria tudo na vida para que ele telefonasse. Afinal, charmoso ele é. Mas, como seu prazo emocional está no limite, se ele ligar vai tratá-lo como se trata um cachorro. Elas são assim. Mas vocês, homens, ainda não aprenderam? Custa ligar? Nem que seja para dizer que ela esqueceu os brincos?

*Danuza Leão é cronista e autora de vários livros

2 comentários:

josé roberto balestra 31 de agosto de 2009 às 01:05  

Santiago, uma maravilha esse texto de Danusa. História prazerosa de se ler, e a conclusão ficou perfeita. Gostei demais! parabéns pelo bom gosto da escolha pro post. abs

O Navalha,  31 de agosto de 2009 às 08:38  

As mulheres não foram feitas para serem compreendidas, mas para serem amadas...

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